O Cavalo Marinho é uma dança cheia de detalhes (cheia de melindres), porém bem menos popular que o maracatu.
Ao longo dos anos tem sido perceptivel que o ‘desaparecendo’ Cavalo Marinho (assim como o Pastoril).
As apresentaçãos estão se tornando cada vez mais raras. Algumas escolas procuram manter a tradição do Ciclo Natalino e fazem apresentações destes Brincantes nas festas de final de ano, o que é ótimo para a cultura popular pernambucana e para nossas crianças que cada dia que passa se distanciam do popular e se tornam mais próximas da modernidade (computador, video games, cariinhos de controle remoto...).
Mas não é apenas por estar ‘fora da moda’ que o cavalo-marinho tem mais dificuldades em se manter. Algumas características do folguedo também interferem nisso: a ‘orquestra’ apesar de não precisar de muitos músicos utiliza instrumentos como a rabeca, ganzá, pandeiro e reco-reco que são instrumentos que não chamam tanto a atenção dos jovens como os bombos, tarol, alfaia e outros instrumentos de percussão.
Outro fator que influencia também é a época ou ciclo que acontecem as apresentações, de julho ao Dia de Reis (principalmente na época do Natal), enquanto os maracatus são apresentados o ano inteiro.
Sem falar que a dança exige muito das pessoas, já que, é bem diferente do maracatu. No Cavalo Marinho os passos são rasteiros para levantar poeira e intercalados com saltos rápidos e vigorosos. As sambadas varam a noite, uma apresentação completa dura nada menos que oito horas, sem intervalos. A apresentação é intercalada com a participação do público e de todos os participantes e a entrada dos personagens. Geralmente, 21 componentes são o suficiente para encarnar todos os personagens.
O Cavalo Marinho, como o Bumba-meu-boi, é uma aglutinação dos Reisados. Ao longo do espetáculo são agrupados cantos, loas, personagens e parte do Boi de Reis. É um verdadeiro auto popular que fala da vida passada e presente do povo. Uma tradição popular que vem se mantendo viva, principalmente durante o ciclo natalino. Não há como ficar indiferente à apresentação desta brincadeira de origem portuguesa e que fincou suas raízes nos costumes do povo da Zona Norte de Pernambuco. Tudo nos leva a achar maravilhoso esta manifestação do folclore pernambucano, desde a música com o seu som característico produzida pelos tocadores da rabeca, pandeiro, ganzá e reco-reco, que se parece muito com as toadas árabes. Os seus divertidos diálogos, suas danças parecem fazer parte de uma espécie de Teatro Mágico.
A história do Cavalo Marinho basicamente é a seguinte: os personagens Mateus e Bastião, que participam do início ao fim da brincadeira, são dois negros amigos, que dividem a mesma mulher, a Catirina, e estão à procura de emprego. Eles são contratados para tomar conta da festa. O espetáculo é costurado ou coordenado pelo Capitão, de quem se origina o nome do folguedo. O nome do capitão é Marinho e ele chega montado em seu cavalo, daí a história dá seu prosseguimento até o momento final, quando o boi é dividido entre os participantes numa grande farra. Ao todo são 76 personagens (humanos e animais), representados em 63 atos.
O espetáculo tem início quando os toadeiros tomam assento no "banco" (orquestra) e saúdam os donos do terreiro e o público. Os primeiros personagens a surgir são Bastião e Mateus, após eles, começa uma sucessão de personagens que vão se apresentando perante o público, que também participa dos diálogos e brincadeiras.
Entre os personagens ou figuras mais participativas do Cavalo Marinho estão os galantes e damas (que representam a elite que vem abrilhantar a festa), o Capitão (dono da terra ou chefe político da área), o Soldado (elemento opressor a serviço do poder), o Caboclo de Arubá ( entidade sobrenatural que canta todas as linhas de Jurema) e o Boi (presença constante na vida do homem do campo). São 6 os galantes e duas as damas.
Antigamente, como só homens dançavam o folguedo, eles se travestiam para representar estes personagens, hoje as mulheres conquistaram espaço tanto na brincadeira como na orquestra. As roupas são enfeitadas com fitas e espelhos e os chapéus têm abas horizontais adornadas com pingentes dourados.
O Capitão ou Mestre é o empresário do folguedo. Usando um apito ele marca o ritmo da música, ordena o início e o término da atuação dos figurantes. Em algumas partes da brincadeira conduz a armação em forma de cavalo e ostenta dragonas no ombro. O Soldado, apesar de usar boné caracterizando um militar, tem no seu traje uma mistura de farda com roupa civil.O Caboclo de Arubá usa calça comum, sem camisa, cocar de pena e óculos escuros. Já o boi é uma armação de tábua ou bambu coberto de tecido pintado com uma caveira de boi no lugar da cabeça que é revestida de papel e os seus chifres são adornados com fitas multicoloridas.
Outros personagens, não menos importantes, surgem no decorrer da brincadeira, contribuindo para o desenrolar do enredo, pontuado pelas toadas cantadas pelos ocupantes dos bancos. Cada integrante, interpreta três ou quatro personagens já que o total de figuras é de 76.
Nos versos que surgem no correr da brincadeira, foi incorporado um palavreado típico do homem da região. Expressões como REAR (ir embora), VAGEM ( lugar onde o boi é amarrado para comer), BARRER (varrer) e SAMBADA (festa, dança). O aspecto religioso está sempre presente no folguedo, no qual são feitas diversas saudações aos Santos e a Deus. O Real, o Fantástico e o Imaginário estão presentes em todo o espetáculo do Cavalo Marinho.
Bem, acho que por isso eu só conhecia a 1ª cena. Não fazia idéia que era assim, tão cheio de detalhes...
Ao longo dos anos tem sido perceptivel que o ‘desaparecendo’ Cavalo Marinho (assim como o Pastoril).
As apresentaçãos estão se tornando cada vez mais raras. Algumas escolas procuram manter a tradição do Ciclo Natalino e fazem apresentações destes Brincantes nas festas de final de ano, o que é ótimo para a cultura popular pernambucana e para nossas crianças que cada dia que passa se distanciam do popular e se tornam mais próximas da modernidade (computador, video games, cariinhos de controle remoto...).
Mas não é apenas por estar ‘fora da moda’ que o cavalo-marinho tem mais dificuldades em se manter. Algumas características do folguedo também interferem nisso: a ‘orquestra’ apesar de não precisar de muitos músicos utiliza instrumentos como a rabeca, ganzá, pandeiro e reco-reco que são instrumentos que não chamam tanto a atenção dos jovens como os bombos, tarol, alfaia e outros instrumentos de percussão.
Outro fator que influencia também é a época ou ciclo que acontecem as apresentações, de julho ao Dia de Reis (principalmente na época do Natal), enquanto os maracatus são apresentados o ano inteiro.
Sem falar que a dança exige muito das pessoas, já que, é bem diferente do maracatu. No Cavalo Marinho os passos são rasteiros para levantar poeira e intercalados com saltos rápidos e vigorosos. As sambadas varam a noite, uma apresentação completa dura nada menos que oito horas, sem intervalos. A apresentação é intercalada com a participação do público e de todos os participantes e a entrada dos personagens. Geralmente, 21 componentes são o suficiente para encarnar todos os personagens.
O Cavalo Marinho, como o Bumba-meu-boi, é uma aglutinação dos Reisados. Ao longo do espetáculo são agrupados cantos, loas, personagens e parte do Boi de Reis. É um verdadeiro auto popular que fala da vida passada e presente do povo. Uma tradição popular que vem se mantendo viva, principalmente durante o ciclo natalino. Não há como ficar indiferente à apresentação desta brincadeira de origem portuguesa e que fincou suas raízes nos costumes do povo da Zona Norte de Pernambuco. Tudo nos leva a achar maravilhoso esta manifestação do folclore pernambucano, desde a música com o seu som característico produzida pelos tocadores da rabeca, pandeiro, ganzá e reco-reco, que se parece muito com as toadas árabes. Os seus divertidos diálogos, suas danças parecem fazer parte de uma espécie de Teatro Mágico.
A história do Cavalo Marinho basicamente é a seguinte: os personagens Mateus e Bastião, que participam do início ao fim da brincadeira, são dois negros amigos, que dividem a mesma mulher, a Catirina, e estão à procura de emprego. Eles são contratados para tomar conta da festa. O espetáculo é costurado ou coordenado pelo Capitão, de quem se origina o nome do folguedo. O nome do capitão é Marinho e ele chega montado em seu cavalo, daí a história dá seu prosseguimento até o momento final, quando o boi é dividido entre os participantes numa grande farra. Ao todo são 76 personagens (humanos e animais), representados em 63 atos.
O espetáculo tem início quando os toadeiros tomam assento no "banco" (orquestra) e saúdam os donos do terreiro e o público. Os primeiros personagens a surgir são Bastião e Mateus, após eles, começa uma sucessão de personagens que vão se apresentando perante o público, que também participa dos diálogos e brincadeiras.
Entre os personagens ou figuras mais participativas do Cavalo Marinho estão os galantes e damas (que representam a elite que vem abrilhantar a festa), o Capitão (dono da terra ou chefe político da área), o Soldado (elemento opressor a serviço do poder), o Caboclo de Arubá ( entidade sobrenatural que canta todas as linhas de Jurema) e o Boi (presença constante na vida do homem do campo). São 6 os galantes e duas as damas.
Antigamente, como só homens dançavam o folguedo, eles se travestiam para representar estes personagens, hoje as mulheres conquistaram espaço tanto na brincadeira como na orquestra. As roupas são enfeitadas com fitas e espelhos e os chapéus têm abas horizontais adornadas com pingentes dourados.
O Capitão ou Mestre é o empresário do folguedo. Usando um apito ele marca o ritmo da música, ordena o início e o término da atuação dos figurantes. Em algumas partes da brincadeira conduz a armação em forma de cavalo e ostenta dragonas no ombro. O Soldado, apesar de usar boné caracterizando um militar, tem no seu traje uma mistura de farda com roupa civil.O Caboclo de Arubá usa calça comum, sem camisa, cocar de pena e óculos escuros. Já o boi é uma armação de tábua ou bambu coberto de tecido pintado com uma caveira de boi no lugar da cabeça que é revestida de papel e os seus chifres são adornados com fitas multicoloridas.
Outros personagens, não menos importantes, surgem no decorrer da brincadeira, contribuindo para o desenrolar do enredo, pontuado pelas toadas cantadas pelos ocupantes dos bancos. Cada integrante, interpreta três ou quatro personagens já que o total de figuras é de 76.
Nos versos que surgem no correr da brincadeira, foi incorporado um palavreado típico do homem da região. Expressões como REAR (ir embora), VAGEM ( lugar onde o boi é amarrado para comer), BARRER (varrer) e SAMBADA (festa, dança). O aspecto religioso está sempre presente no folguedo, no qual são feitas diversas saudações aos Santos e a Deus. O Real, o Fantástico e o Imaginário estão presentes em todo o espetáculo do Cavalo Marinho.
Bem, acho que por isso eu só conhecia a 1ª cena. Não fazia idéia que era assim, tão cheio de detalhes...
CENA I(O Cavalo marinho a dançar e o Coro)
Coro:
Cavalo-marinho
Vem se apresentar,
A pedir licença
Para dançar.
Cavalo-marinho,
Por tua atenção
Faz uma mesura
A seu capitão.
Cavala-marinho
Dança muito bem;
Pode-se chamar
Maricas meu bem.
Cavalo-marinho
Dança bem baiano;
Bem parece ser
Um pernambucano.
Cavalo-marinho
Vai para a escola
Aprender a ler
E a tocar viola.
Cavalo-marinho
Sabe conviver;
Dança o teu balanço
Que eu quero ver.
Cavalo-marinho,
Dança no terreiro;
Que o dono da casa
Tem muito dinheiro.
Cavalo marinho,
Dança na calçada;
Que o dono da casa
Tem galinha assada.
Cavalo-marinho,
Você já dançou:
Mas porém lá vai,
Tome que eu lhe dou.
Cavalo-marinho,
Vamo-nos embora;
Faze uma mesura
Á tua senhora.
Cavalo-marinho,
Por tua mercê,
Manda vir o boi
Para o povo ver.
Coro:
Cavalo-marinho
Vem se apresentar,
A pedir licença
Para dançar.
Cavalo-marinho,
Por tua atenção
Faz uma mesura
A seu capitão.
Cavala-marinho
Dança muito bem;
Pode-se chamar
Maricas meu bem.
Cavalo-marinho
Dança bem baiano;
Bem parece ser
Um pernambucano.
Cavalo-marinho
Vai para a escola
Aprender a ler
E a tocar viola.
Cavalo-marinho
Sabe conviver;
Dança o teu balanço
Que eu quero ver.
Cavalo-marinho,
Dança no terreiro;
Que o dono da casa
Tem muito dinheiro.
Cavalo marinho,
Dança na calçada;
Que o dono da casa
Tem galinha assada.
Cavalo-marinho,
Você já dançou:
Mas porém lá vai,
Tome que eu lhe dou.
Cavalo-marinho,
Vamo-nos embora;
Faze uma mesura
Á tua senhora.
Cavalo-marinho,
Por tua mercê,
Manda vir o boi
Para o povo ver.
Nota da autora:
Hahahaha...
Estou sintonizada com a arte (digo isso porque o post de hoje não seria sobre Cavalo Marinho, o post sobre Cavalo Marinho seria o 3º)...
E ao ler o jornal vi um anuncio sobre a ‘Conexão Cavalo Marinho’.
É um evento que vai tem inicio em 18/12 e encerra no dia 21/12. São 8 grupos de Cavalo Marinho, 6 espetáculos de dança e teatro. As apresentações acontecerão no Teatro Hermilo Borba Filho, às 20h. A entrada é franca e as senhas começam a ser distribuídas às 19h.
o mais legal é que entre os grupos que se apresentarão tem um grupo de Olinda, o Cavalo MArinho Boi Matuto, que se apresenta no primeiro dia do evento.
Hahahaha...
Estou sintonizada com a arte (digo isso porque o post de hoje não seria sobre Cavalo Marinho, o post sobre Cavalo Marinho seria o 3º)...
E ao ler o jornal vi um anuncio sobre a ‘Conexão Cavalo Marinho’.
É um evento que vai tem inicio em 18/12 e encerra no dia 21/12. São 8 grupos de Cavalo Marinho, 6 espetáculos de dança e teatro. As apresentações acontecerão no Teatro Hermilo Borba Filho, às 20h. A entrada é franca e as senhas começam a ser distribuídas às 19h.
o mais legal é que entre os grupos que se apresentarão tem um grupo de Olinda, o Cavalo MArinho Boi Matuto, que se apresenta no primeiro dia do evento.
Maiores informações é só clicar na imagem abaixo:
4 comentários:
Lindo, Cecília! As postagens estão dentro mesmo da atmosfera do Sítio! Era tudo o que o Sítio precisava nessa época: os brincantes. Um Natal bem nordestino e popular.
Abraço fraterno.
Oh! Cecília! que coisa mais linda isto.
Eu estou chegando, já, já...
Cavalo-marinho,
Vamo-nos embora;
Faze uma mesura
Á tua senhora
Até próximo domingo!
Carinho.
Parabéns, Cecília, Destes dinamismo, cor e ritmo ao blog deste pernambubaiano do Carlinhos.
Que lindo. Adoraria ter oportunidade de ver este espetáculo.
Gostei muito do seu blog, tem partes que fica muito ruim para ler.
Beijos!
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