"E quando a festa já ia se aproximando, como explicar a agitação que me tomava?
Como se enfim o mundo se abrisse de botão que era em grande rosa escarlate.
Como se as ruas e praças do Recife enfim explicassem para que tinham sido feitas.
Como se vozes humanas enfim cantassem a capacidade de prazer que era secreta em mim.
Carnaval era meu, meu."

(Clarice Lispector )







segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Sinhá Nana - 102 anos - a mais velha Dama do Paço dos maracatus-nação, em Pernambuco























Bem, primeiro deixem que eu me apresente: meu nome é Luiz Eurico de Melo Neto, ou simplesmente Eurico. Meu blogue literário se chama Eu-lírico, e é lá o lugar onde apresento meus escritos e minhas idéias.
O que faço aqui, então?
Explico:
convidou-me, o compadre Carlos, cá deste Sítio d'Olinda, para que eu contasse a história do Ponto de Cultura Almirante do Forte, ou melhor, de como eu, poeta bissexto, entrei nesse projeto.
Antes disso, tenho de contar sobre Sinhá Nana:

Há uns 50 ou 60 anos atrás (1940/50), morava com o "clã dos Melo", em casa de meus avós, uma cafuza, de nome Ana Carmelita. Eram amigos de infância, desde os albores do século XX, meus avós, filhos de escravos-libertos, nascidos por volta de 1895, e Ana, nascida por volta de 1906. Naquela época eram comuns os agregados em casa de família. Lavavam, passavam, cozinhavam. Era essa a função da Ana Carmelita na nossa família. Não era empregada, já disse, mas agregada.
Desse modo, viu nascerem filhos e netos dos meus avós, eu aí incluído. O que lembro, lá da primeira infância, é que quando chegava fevereiro, a negra Carmela, ou Tia Nana, como os pequenos a chamavam, sumia de casa. Eu ouvia os adultos dizendo que ela dançava em um maracatu. E nesse mês "endoidava" para fazer a fantasia, umas saias rodadas, cheias de armações.
Bem, passou-se o tempo. A Sinhá Nana foi morar com o filho e a nora. Sumiu do mapa. Perdemos ela de vistas. Meus avós faleceram. A vida seguiu.
Dia desses, agora em 2008, ouvindo um programa de rádio, chamado Maracatus, Batuques e Folia, eis que o Mestre, entre uma loa e outra, manda um abraço para Ana Carmelita, a mais velha dama de frente de Maracatu Nação da cidade do Recife. Dei um pulo do sofá. Era ela. Era a minha Tia Nana. E ele disse o endereço dela no ar: Estrada do Bongi.
O Bongi é um bairro quase central do Recife, que eu conheço bem porque fica nas imediações do meu trabalho. Fim de semana, saí à procura da velha Carmelita. Devia ser fácil. Acharia logo a sede do famoso Almirante do Forte. Lá saberiam me dizer onde achar Tia Nana. E, pra minha surpresa e sorte, nem precisei andar muito. Ela estava ali mesmo. Abandonada pelos filhos, a velhinha fora acolhida pelos donos do Almirante. Está morando dentro da sede do maracatu.
Dias depois levei minhas tias, meus pais, toda a família pra rever a velha amiga de infância. Foi lindo ver aquele grupo de meninas, todas na faixa dos 90 anos, rindo e se abraçando. Achamos a nossa ovelhinha perdida.
O Mestre Teté, filho do fundador do Almirante, então me contou da situação de penúria por que passava a agremiação e me pediu ajuda para fazer um projeto para que o Almirante passasse a fazer parte dos Pontos de Cultura, ligados ao MinC (Governo Federal) e à Fundarpe (Governo de Pernambuco). Nunca havia feito nada parecido, mas, para ajudar a quem, tão generosamente, acolheu minha velhinha, topei. Fizemos, com a ajuda de outros amigos, um projeto despretensioso. Achávamos que os jurados nem iriam ler aquilo. Seja lá o que Deus quiser! disse-me o Mestre Teté.
Entrei como voluntário na Coordenação Técnica e dei meu email, como contato. Um belo dia, chega a boa notícia. O projeto fora aprovado!!!
Agora o Maracatu vai reformar a séde, criar cursos de dança, percussão, informática, vídeo e confecção das próprias indumentárias. Felicidade geral, para uma comunidade humilde, mas determinada e cheia de sonhos.
Viva Sinhá Nana, 102 aninhos, que, mesmo sem sair às ruas (a idade não mais permite), continua a dançar com a boneca de cêra!!!

Viva o Maracatu Nação Almirante do Forte!!!
Viva o mais novo Ponto de Cultura do Recife.

Breve na TV Brasil, mostraremos nossa força.
Nos aguardem na telinha.

Eurico
12/01/09

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Nota: foto da Tia Nana num clique da Kelly Cristina, durante reunião inaugural do Ponto de Cultura Almirante do Forte, em 16/05/09.
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sábado, 10 de janeiro de 2009

Maracatu Nação Almirante do Forte


Côrte


Bandeira e Dama do Paço


Quarenta e dois anos após abolição da escravatura foi criado o Maracatu Almirante do Forte. Em 1931, tornaram-se dissidentes e resolveram criar outro maracatu. Foram à Capitania dos portos do Recife, e escolheram o nome do novo maracatu graças ao navio “Almirante”.

O Maracatu Almirante do Forte, entidade com ações relevantes na área cultural há 79 anos, e que tem na sua descrição de atividade econômica principal a defesa de direitos sociais com ações ligadas à cultura e à arte, atualmente passa por dificuldades que podem parar as suas atividades, pondo em risco a perda de uma memória popular que é a verdadeira expressão das raízes africanas em nosso Estado.

Hoje o MARACATU NAÇÃO ALMIRANTE DO FORTE é uma Nação Nagô, tendo a mais antiga dama de paço (em atividade), a Sra. Josefa Maria da Silva (1910), mãe do atual presidente o Sr. Antônio José da Silva Neto (Mestre Teté).


Desenvolve várias atividades culturais ao longo do ano como:

Todos os anos no desfile Oficial do carnaval promovido pela Prefeitura da Cidade do Recife, sendo membro da Federação Carnavalesca de Pernambuco;

Participação anual durante o carnaval do Encontro de Maracatus de Baque Virado, intitulado Noite dos Tambores Silenciosos;

Participação no Projeto Terça Negra, da Prefeitura da Cidade do Recife;

Apresentações no Festival de Inverno de Garanhuns, por diversos anos.


Desfile no FIG (Festival do Inverno de Garanhuns-PE)


Foi um dos selecionados no último edital (2008/2009) para tornar-se um Ponto de Cultura (projeto participante do Programa Cultura Viva, do Governo Federal, em Parceria com o Governo de PE-FUNDARPE (Minc/Fundarpe)). Este projeto trará muitos benefícios para o Almirante, pois visa a preservação da tradição contida no maracatu-nação. A idéia surgiu da iniciativa dos amigos do Maracatu que fazem parte da cena cultural de Pernambuco, que, preocupados com a situação do Maracatu Almirante do Forte e da comunidade carente à qual ele pertence, desenvolveram projetos para garantir a manutenção e continuidade das ações do mesmo.


Com a implantação do projeto a comunidade será beneficiada nas seguintes áreas:

Artística

Capacitação de participantes em técnicas de confecção de instrumentos e aprendizado de toques básicos do maracatu de baque virado;

Formação através da transmissão de oficineiros das danças peculiares do maracatu de baque virado;
Formação de costureiras para atender todas as demandas especifica das roupas e indumentárias do maracatu de baque virado;

Formação de pessoas para utilização de equipamentos de audiovisual e informática, para serem aplicados nos serviços e registros do maracatu.

Social

Fortalecimento da identidade cultural das raízes do maracatu de baque virado;

Impulsão do protagonismo com ações culturais em suas comunidades através da inclusão digital

Promoção dos direitos humanos culturais e sociais;

Econômico

Qualificação e capacitação de membros do maracatu na confecção de roupas e indumentárias próprias do maracatu, com possibilidade de obter renda.

Qualificação e capacitação de músicos em instrumentos de percussão dos ritmos dos Maracatus de Baque Virado
.


Mestre Teté


Batuqueiros


Já que falamos de apresentações culturais o Maracatu vai participar de um dos Ensaios de preparação para o Carnaval com Naná Vasconcelos:


» Quinta (22/01)
Maracatu Almirante do Forte
Estrada do Bongi, 1319 - Recife (Próximo a Delegacia da Mustardinha).



Batuqueiros



Baianas


MARACATU NAÇÃO ALMIRANTE DO FORTE
www.flickr.com/almirantedoforte
Fundado em 07 de Setembro de 1931
Estrada do Bongi, 1319 – Bongi – Recife – Pernambuco
CEP – 50830-360
CNPJ – 08.798.084/0001-62
FONE – (81) 3229.7932
(81) 9644-8673
Email –
almirantedoforte@yahoo.com.br
almirantedoforte@gmail.com
mestre.tete@yahoo.com.br

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

E o Ano Começou...

Huuum... Mas...

Podemos dizer que o na finalmente começou?

Ou será que realmente só começa depois do carnaval como dizem por aí???
Rsrsrs

Bem, este ano em Olinda antes mesmo de serem encerrados os festejos do Ciclo Natalino* iniciaram-se as prévias carnavalescas: dia 03/01, o bloco As Virgens de Verdade de Olinda (é um bloco irreverente onde os homens se vestem de mulher. É legal, já fui algumas vezes...) fez sua prévia no Clube Atlântico de Olinda a partir das 15h.

Na festa também foram comemorados os 20 anos da Troça Carnavalesca Mista Clube dos Cafajestes. As atrações do evento foram a banda Mercado, DJ Uirá, Patusco e bateria da Escola Gigantes do Samba.

Com certeza, os foliões que irão se preparar para a folia de Momo podem contar com muito Frevo, Maracatu e diversão.

* Casa da Rabeca celebra Dia de Reis com música e dança

Nesta terça-feira (6), música, dança, teatro e poesia vão alegrar o dia de Reis na Casa da Rabeca, em Olinda, espaço criado pelo Mestre Salustiano. O evento ocorre a partir das 19h e a entrada é gratuita.


Em sua 14ª Edição, a festa terá apresentações do Cavalo Marinho Boi Matuto e da Ciranda Nordestina, ambos formados por integrantes da Família Salustiano. Participa do evento o Pastoril Tia Nininha.


TRADIÇÃO

Festejado em 6 de janeiro, o Dia de Reis é uma festa católica que marca a data da visita dos três reis magos ao menino Jesus, em Belém. A tradição religiosa diz que, guiados por uma estrela, os reis magos levaram ao Deus menino, ouro, incenso e mirra, que representam as três dimensões de Cristo: a realeza, a divindade e a humanidade. O dia de Reis marca o encerramento do ciclo natalino.”
da Redação do pe360graus.com em 06/01/09

Desculpem o post atrasado, é que estava viajando.
Assim que tiver a programação das prévias e do Carnaval, divulgarei aqui.

Em tempo:

Amanhã começa a sexta edição da Feira Nacional de Artesanatos do Chevrolet Hall (Fenahall).

Feira de Artesanato traz expositores estrangeiros e de vários estados do Brasil

Começa nesta sexta-feira (9) a Fenahall, Feira Nacional de Artesanatos - que acontece na área interna da casa de shows Chevrolet Hall. A banda The Fevers se apresenta na abertura do evento. A entrada custa R$ 4 (inteira) e R$2 (estudantes e idosos a partir de 65 anos).

Em sua sexta edição, o evento terá a participação de cerca de 800 expositores, vindos de 11 países e de diversos estados do Brasil. Nos mais de 200 estandes, os visitantes poderão ver trabalhos de decoração, roupas, acessórios, brinquedos e culinária.

Além da exposição, a feira terá shows com artistas locais. Para que os pais possam circular pelo evento com tranquilidade, o Espaço Criança terá recreadores para divertir meninos e meninas.

Em 2009, o evento traz como novidade o estande do grupo Jovem Artesão de Pernambuco, formado por jovens que cometeram pequenos delitos e, atualmente, fazem trabalhos de artesanatos com produtos reciclados.

A Fenahall segue até o dia 18. Os organizadores da Fenahall esperam um público total de 60 mil visitantes e R$ 3 milhões em negócios. Mais informações, pelo telefone (81) 32477520

SERVIÇO

Fenahall – Feira Nacional de Artesanato do Chevrolet Hall
Local:
Chevrolet Hall
Quando: de segunda a sexta, das 16h às 22h, e sábados e domingos, das 14 às 22h
Entrada: R$ 4 (inteira) e R$2 (estudantes e idosos a partir de 65 anos)
Da Redação do pe360graus.com


Quero pedir desculpas porque as imagens do post de hoje estão sem 'a fonte'. É que quando estava editando a cor apertei em um botão e apaguei todo o post e não tinha salvado os sites...

Beijos, Beijos...