"E quando a festa já ia se aproximando, como explicar a agitação que me tomava?
Como se enfim o mundo se abrisse de botão que era em grande rosa escarlate.
Como se as ruas e praças do Recife enfim explicassem para que tinham sido feitas.
Como se vozes humanas enfim cantassem a capacidade de prazer que era secreta em mim.
Carnaval era meu, meu."

(Clarice Lispector )







domingo, 15 de agosto de 2010

3 Fases em Ortega y Gasset


Nada tão actual como Ortega y Gasset, porque à parte de ter sido considerado polémico por seus contemporâneos, sua filosofia nos parece tão jovem quanto o século XXI.


Os estudiosos da obra de Ortega y Gasset, dvidem-na em três fases:

- 1ª fase, a do objectivismo - 1902 a 1914, corresponde a publicação do seu primeiro livro, Meditações do Quixote;

- 2ª fase, a o perspectivismo – 1914 a 1923, publica o Tema de Nosso Tempo;

- 3ª fase, a do raciovitalismo - 1924 a 1955 (ano do seu falecimento).


Estudá-lo, é compreender os conceitos de “situação” e “temporalidade”, o que remete e convoca para a reflexão e conhecimento do nosso eu e da nossa realidade concreta, do que somos, quem somos, como somos e do quanto, como e o quê podemos fazer por nós e nosso mundo – o do eu, do particular, e o nosso coletivo -, diante da realidade concreta que se-nos apresenta: a nossa circunstancia.

Um apontamento fundamental para a reflexão do quanto o mundo todo está interligado, estamos todos conectados com todos e com tudo, ainda que não consideremos essa realidade. Um mundo e uma realidade que a priori pode ser recortada a um indivíduo, a um determinado espaço, todavia, esse está ligado a outro (s), que por sua vez a outros, e todos entre si, em rede, em cadeia, como uma teia aparentemente frágil, mas que esses fios entrelaçados, se fortalecem. Ignorar esse fato é dimiuir a possibilidade de construir outra realidade, e beneficar-se da circunstancia.

Penso residir a atualidade da obra orteguiana, num reconhecimento da filosofia das ruas, a filosofia do nosso tempo, o homem-mulher protagonista, que falam, rejeitam aceitam, que tentam incansavelmente romper com as dificuldades diárias, desse ser, fazer e viver a história tudo ao mesmo tempo.


*

Aceitando com muito bom grado o chamamento do amigo e vizinho - de território e de idéias - , Luiz Eurico, do blogue Eu-Lírico (http://euliricoeu.blogspot.com/), para dar meu pequeno contributo ao Sítio D’ Olinda, proposta irrecusável, e como quase nunca me furto de aceitar um grande desafio, vamos a ele. Cá estou, acanhadamente trazendo um minúsculo escrito acerca da obra orteguiana.