"E quando a festa já ia se aproximando, como explicar a agitação que me tomava?
Como se enfim o mundo se abrisse de botão que era em grande rosa escarlate.
Como se as ruas e praças do Recife enfim explicassem para que tinham sido feitas.
Como se vozes humanas enfim cantassem a capacidade de prazer que era secreta em mim.
Carnaval era meu, meu."
(Clarice Lispector )
Como se enfim o mundo se abrisse de botão que era em grande rosa escarlate.
Como se as ruas e praças do Recife enfim explicassem para que tinham sido feitas.
Como se vozes humanas enfim cantassem a capacidade de prazer que era secreta em mim.
Carnaval era meu, meu."
(Clarice Lispector )
quinta-feira, 23 de julho de 2009
Resenha Poética nº 2
imagem google
O poeta Eurico publicou no Eu-lírico de hoje (23/07/09) um clamor em forma de poema. Alguém lhe disse que poema é pra ser declamado, lido em voz alta. Ele, que é adepto do poema para ser lido em silêncio e com os olhos sobre a página, conferindo a estrutura gráfica, a pontuação, o tamanho dos caracteres, sua cor, sua textura (rs), de repente me surpreende com um texto para ser lido aos berros. Cadê o poeta do mitologema, dos símbolos, do poema pra ser lido e relido, repensado e reelaborado por cada leitor. É... o que uma crise não faz!
Então decidi não resenhar o poema, mas transcrever a notícia de jornal que, além de outras picuinhas próprias do mundo dos poetas, o fez escrever assim, como dizia Caetano, com a boca no megafone:
"berro pelo Aterro
bebo o desterro"
A notícia está logo aqui, ipsis litteris:
Até 2012, mais de 33 mil menores serão mortos
Da Folha de Pernambuco - 22.07.2009
www.folhape.com.br
Estudo: Recife e Maceió têm os mais altos índices de homicídios
BRASÍLIA (Folhapress) - Mais de 33 mil adolescentes serão assassinados entre 2006 e 2012, prevê o Indicador de Homicídios na Adolescência (IHA), divulgado ontem pelo governo federal, Unicef e Observatório de Favelas. As cidades do Recife (PE) e Maceió (AL) estão no topo da lista dos piores números entre as capitais, com 6 mortes para cada mil adolescentes. O Rio de Janeiro vem em seguida, com 4,9 mortes. A cidade de São Paulo ocupa o 24º lugar entre as capitais com 1,4 morte a cada mil jovens.
De acordo com o estudo, de cada mil adolescentes que completam 12 anos no Brasil, 2,03 são mortos por homicídio antes de completar 19 anos. Foram analisados dados de 2006 de 267 municípios brasileiros com mais de 100 mil habitantes. No panorama geral do País, a cidade de Foz do Iguaçu (PR) lidera o ranking de mortes violentas entre adolescentes, com 9,7 mortes para cada grupo de mil adolescentes. Em seguida vem Governador Valadares (MG), com 8,5 mortes e Cariacica (ES), com 7,3 mortes.
Em números absolutos, porém, a capital paulista tem o segundo maior número de mortes de adolescentes entre as capitais, com 1.992 mortes, atrás apenas da cidade do Rio de Janeiro, que tem 3.423 mortes.
Nancy Cardia, coordenadora-adjunta do Núcleo de Estudos da Violência da USP, aponta que, com exceção de Rio e São Paulo, as regiões metropolitanas sofreram um processo de expansão mais recente e, em consequência, têm uma estrutura urbana mais precária.
Ainda segundo ela, estudos mostram que uma série de problemas das cidades está relacionada à violência com crianças e adolescentes: o fato de as crianças mais pobres permanecerem menos tempo na escola e ficarem a maior parte do tempo sem a supervisão de adultos, por exemplo, faz com que elas fiquem mais tempo expostas.
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Nota: e saibam todos que diminuímos a mortalidade infantil por desnutrição, doenças, etc. Os menores estão sendo mortos é à bala, mesmo.
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