"E quando a festa já ia se aproximando, como explicar a agitação que me tomava?
Como se enfim o mundo se abrisse de botão que era em grande rosa escarlate.
Como se as ruas e praças do Recife enfim explicassem para que tinham sido feitas.
Como se vozes humanas enfim cantassem a capacidade de prazer que era secreta em mim.
Carnaval era meu, meu."

(Clarice Lispector )







sábado, 15 de novembro de 2008

PSALMO Nº 7 - RESPONSÓRIO





(Chantre)

Às tuas portas
aquietarei minh'alma...

(Côro)

Como se fosses um altar, Olinda!

Silente, adentrarei
pelos teus átrios...

Como se fosses um altar, Olinda!






Com a paz dos monges

dentro dos mosteiros...

Como se fosses um altar, Olinda!

Meditarei ouvindo

o tempo inteiro...

Como se fosses um altar, Olinda!





a secular canção

das tuas ruas

Como se fosses um altar, Olinda!





Hei de pisar

por essas pedras nuas

Como se fosses um altar, Olinda!




dessas ladeiras

becos e vielas

Como se fosses um altar, Olinda!





salmodiando os feitos

de outras eras

Como se fosses um altar, Olinda!





Com reverência e emoção infinda


Como se andasse em um altar:

Olinda!



As fotos d'Olinda copiei de Bob Omena:

www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=495631

A 3ª foto é do Pedro Valadares:

http://farm2.static.flickr.com/1087/897176688_db390ca8bb.jpg?v=0

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O texto é do compadre Eurico, de uma gorada procissão

poética que faríamos pelas ruas d'Olinda, em 1995, e que

se chamaria Psalmos Apócriphos.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

A brisa do mar é uma prece verde, no Sítio d'Olinda




Quadros Verdes
Michel Quoist


E a escola é moderna.

O diretor, muito ufano, vai-me apontando todas as
comodidades. De todas as coisas a mais bela,
Senhor, é o quadro verde. Os sábios
estudaram longamente, fizeram experiências.
Agora já sabemos que a cor verde é a cor
ideal, não cansa a vista, pacifica, relaxa os
nervos.

Pensei, então, Senhor, que não
tinhas esperado tanto tempo para pintar de
verde as campinas e o arvoredo. Tuas salas
de aula funcionaram muito bem e para não
nos cansar aperfeiçoaste uma porção de
matizes para Teus prados modernos. Assim
os “achados” dos homens consistem em
descobrir o que pensaste desde toda a
Eternidade.


Obrigado, Senhor, por seres o
bom pai de família que deixa a seus filhinhos
a alegria de descobrirem eles próprios os
tesouros de Tua inteligência e Teu amor.

Mas livra-nos de pensar que fomos
nós que os inventamos sozinhos.



Fonte do txt.:
JESUS, RICARDO, ROBERTO, Português Interpretação,
São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2º vol., 5ª Ed., 1971, p. 24.

Fonte da img.:
www.marceloclemente.com/Olinda.jpg


Dedico esta postagem, especialmente, à amiga Jacinta,
com os parabéns pelo sobrinho recém-chegado.
Serve também para mostrar que eu e meu compadre Eurico
não somos dois ateus empedernidos, como os últimos textos
do Eu-lírico têm deixado transparecer.

(MICHEL QUOIST nasceu em Havre (França) em 1921. Membro da JOC, ordenado sacerdote em 1947. É doutor em Ciências Sociais pelo Instituto Católico de Paris. Escreveu inúmeras obras, traduzidas em várias línguas e regularmente reeditadas, das quais algumas ultrapassam um milhão de exemplares).