"E quando a festa já ia se aproximando, como explicar a agitação que me tomava?
Como se enfim o mundo se abrisse de botão que era em grande rosa escarlate.
Como se as ruas e praças do Recife enfim explicassem para que tinham sido feitas.
Como se vozes humanas enfim cantassem a capacidade de prazer que era secreta em mim.
Carnaval era meu, meu."

(Clarice Lispector )







terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

FLORES DO CAPIBARIBE - revivendo os cordões líricos do passado



Foi na segunda década do século XX que o carnaval recifense, como descreve Leonardo Dantas Silva, veio a "se abrilhantar de emoção e cores que somente os blocos carnavalescos, aos quais chamamos “blocos líricos”, puderam proporcionar ao folião.


Ainda é assim no bairro da Várzea, no Recife

Tudo é alegria!


As famílias se reunem na vizinhança


As mamães trazem as filhotas.


As mocinhas recebem cuidados maternais.



Diz ainda o historiador Dantas Silva, que
aqueles alegres cortejos surgiram "a partir dos cordões de isolamento onde podiam desfilar as senhoras e senhoritas da época, que já cultivavam a brincadeira dos pastoris e presépios".
Nesses brincantes, ainda segundo Dantas, "as mulheres cantavam e os homens tocavam instrumentos de pau-e-corda, como sejam os bandolins, violões, pandeiros, admitindo, quando muito, além disso, uma gaita de sopro."



A ruazinhas varzeanas enchem-se de cores e de flores.
 




O flabelo atravessa o bairro, a caminho da folia.


Assim como em 1920, as senhorinhas não frequentavam o carnaval dos clubes pedestres, onde os capoeiras dançavam o frevo-rasgado, os grupos de foliões e seresteiros de hoje em dia formaram os blocos líricos nos bairros, para que as famílias possam reviver aqueles felizes carnavais.

E todos embarcam para a festança.


Os versos do "Último Regresso", que Getúlio Cavalcanti compôs para o Bloco Banhistas do Pina, descrevem o lirismo desses cordões suburbanos:

"É lindo ver
O dia amanhecer
Com violões e pastorinhas mil,
Dizendo bem
Que o Recife tem
O carnaval melhor do meu Brasil!"





Brincar: isso é o que move crianças e adultos.






E a velha rua da Aurora é tomada pelo alegre bando.





Evoé! Flores do Capibaribe!


Legítimo representante dos cordões líricos de bairro!





Fonte da imagem final:


http://www.fotoarena.com.br/detalhes/foto/id/232395?ide=8208







Um comentário:

Paulo Francisco disse...

Nossa, muito legal este post.
Adorei as cores.